23 de julho de 2008

Libertar

23 de julho 2008 – Dulce Fërraz

Ando muito quieta, em silêncio, me observando e observando o entorno. Vejo o quanto ainda estamos agarrados em modelos, como ainda cristalizamos fatos ou situações em determinados patamares e com isso não deixamos a vida fluir como deveria. Ficamos presos a regras – “como deveria ser” ou “como deveria se comportar” e assim deixamos de enxergar o Todo; a Beleza que tudo e todos temos. Vemos uma pequena faceta de uma situação, de uma organização ou de uma pessoa, e nossa mente já faz suas análises e julgamentos baseados em seus conceitos do que é certo ou verdadeiro, jogando assim todo o resto no lixo ou exaltando ao máximo. Ficamos presos na forma externa das situações e das pessoas – na aparência e assim não “escutamos” e nem “vemos” verdadeiramente a situação ou a pessoa em sua plenitude.

Com isso, nos decepcionamos facilmente porque estamos vivendo nossa vida baseados nos fatos externos. Colocamos a “salvação” ou a “elevação” de nossas vidas na mão de terceiros. Esquecemos de escutar nosso coração, de nos colocar no centro, em conexão com esse ponto interno que é a Fonte da Sabedoria. Esquecemos que devemos observar sem julgamentos, sem críticas e sem se identificar com a situação, com as coisas ou pessoas. Esquecemos de brincar, de ser feliz com as pequenas coisas, de olhar com curiosidade inocente, de saborear a vida nos seus pormenores.

Estou estudando com algumas amigas o livro “Apocalipse - Clamores da revelação” de Jean-Yves Leloup e percebi que o apocalipse é uma história que acontece internamente. É a nossa história de evolução ou ascensão. Quando criança, eu morria de medo dessa história – da besta, dos cavaleiros trazendo toda sorte de infortúnios – pois eu acreditava que isso acontecia no externo, que eram seres malvados que viriam nos amaldiçoar. Hoje vejo claramente que todos estes seres “malvados” habitam dentro da gente e que somos nós que destruímos não só nossa vida, como a vida do planeta também. Vejo que quando começamos tomar consciência disso; quando percebemos que somos “Filhos de Deus” e, portanto, que também temos a centelha divina dentro - não só nós, mas “todos nós”, começamos a vislumbrar a possibilidade de criar a “Jerusalém Celestial” – a cidade onde habita o Reino de Deus. Isso acontece quando paramos de culpar o externo e passamos a nos responsabilizar pela nossa vida. Quando passamos a enxergar a essência em nós e no outro, quando entendemos que tudo é uma coisa só, que todos somos um – feitos da mesma energia; quando passamos a nos Amar verdadeiramente e consequentemente, a Amar o próximo.

“Quando aprendemos a enxergar a beleza em tudo e em todos, nossa alma é libertada” (frase do filme “O Mestre da Vida”).

Ter a Alma liberta... e para isto basta apenas AMAR...


14 de julho de 2008

Silêncio...

Sentado quietamente,
Nada fazendo,
A primavera vem,
A grama cresce por si.
Zenrin Kushû